segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Estratégia da indústria farmacêutica para aprovar medicamentos escondendo os resultados ruins




Estratégia da indústria farmacêutica para aprovar medicamentos escondendo os resultados ruins





Os remédios funcionam? Afinal de contas, independentemente da teoria, essa é a questão prática. Em seu livro seco e extremamente cativante, The Emperor’s New Drugs [As Novas Drogas do Imperador], Kirsch descreve os seus quinze anos de pesquisa científica para responder a essa pergunta, no que diz respeito aos antidepressivos.

Quando começou o trabalho em 1995, seu principal interesse eram os efeitos de placebos. Para estudá-los, ele e um colega revisaram 38 ensaios clínicos que comparavam vários tratamentos da depressão com placebos, ou comparavam a psicoterapia com nenhum tratamento. A maioria dessas experiências durava de seis a oito semanas, e durante esse período os pacientes tendiam a melhorar um pouco, mesmo se não tivessem nenhum tratamento.



Mas Kirsch descobriu que os placebos eram três vezes mais eficazes do que a ausência de tratamento. Isso não o surpreendeu. O que o surpreendeu mesmo foi que os antidepressivos foram apenas marginalmente mais úteis do que os placebos: 75% dos placebos foram tão eficazes quanto os antidepressivos. Kirsch resolveu então repetir o estudo, dessa vez com a análise de um conjunto de dados mais completo e padronizado.


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Os dados que ele usou foram obtidos da Food and Drug Administration, a FDA [o órgão público americano encarregado do licenciamento e controle de medicamentos]. Quando buscam a aprovação da FDA para comercializar um novo remédio, os laboratórios farmacêuticos devem apresentar à agência todos os testes clínicos que patrocinaram. Os testes são geralmente duplo-cego e controlados com placebo. Ou seja: os pacientes participantes recebem aleatoriamente a droga ou o placebo, e nem eles nem os seus médicos sabem o que receberam.



Os pacientes são informados de que receberão ou um medicamento ativo ou um placebo. E também são avisados dos efeitos colaterais que podem ocorrer. Se dois testes comprovam que o medicamento é mais eficaz do que o placebo, ele é geralmente aprovado. 


Mas os laboratórios podem patrocinar quantos testes quiserem, e a maioria deles pode dar negativo – isto é, não mostrar a eficácia do remédio. Tudo o que eles precisam é de dois testes com resultados positivos.

(Os resultados dos testes de um mesmo medicamento podem variar por muitas razões, entre elas a forma como o ensaio foi concebido e realizado, seu tamanho e os tipos de pacientes pesquisados.)




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Por razões óbvias, as indústrias farmacêuticas fazem questão de que seus testes positivos sejam publicados em revistas médicas, e os médicos fiquem sabendo deles. Já os testes negativos ficam nas gavetas da FDA, que os considera propriedade privada e, portanto, confidenciais. Essa prática distorce a literatura médica, o ensino da medicina e as decisões de tratamento. 


Kirsch e seus colegas usaram a Lei de Liberdade de Informação para obter as revisões da FDA de todos os testes clínicos controlados por placebo, positivos ou negativos, submetidos para a aprovação dos seis antidepressivos mais utilizados, aprovados entre 1987 e 1999: Prozac, Paxil, Zoloft, Celexa, Serzone e Effexor.


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Ao todo, havia 42 testes das seis drogas. A maioria deles era negativo.


No total, os placebos eram 82% tão eficazes quanto os medicamentos, tal como medido pela Escala de Depressão de Hamilton, uma classificação dos SINTOMAS DE DEPRESSÃO amplamente utilizada. A diferença média entre remédio e placebo era de apenas 1,8 ponto na Escala, uma diferença que, embora estatisticamente significativa, era insignificante do ponto de vista clínico. Os resultados foram quase os mesmos para as seis drogas: todos igualmente inexpressivos.







No entanto, como os estudos positivos foram amplamente divulgados, enquanto os negativos eram escondidos, o público e os médicos passaram a acreditar que esses medicamentos antidepressivos eram altamente eficazes.



Irving Kirsch é professor da Universidade de Hull - EUA (psicólogo)

Fonte: Trecho de uma reportagem da Revista Piauí, número 59

Autora: Marcia Angell


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3 comentários:

  1. Concordo plenamente, hoje muitos pofissionais não distinguém a tristeza da depressão,nos tiraram o direito de ficarmos tristes, estão nos desumanizando e é só chegar num neuro ou psiquiatra que v.vai sair de lá com uma receita de Fluoxetina ou Paroxetina; se duvidar faça o teste.
    Realmente ,observei que esses medicamentos não proporcionam o que promentem, o que tem ajudado é o ouvir do médico,do psicólogo em conjunto.Deve serpedidos inicialmente exames laboraatorias, o que raramente ocorre, pois até falta de vitamina do complexo B causa depressão, como tb hipotireoidismo, anemia profunda,nem elotro pedem os médicos dessa área, cobram caro, contam os minutos para não ouvirem lamúrias e não observam nem a linguagem corporal do paciente, receitam remédios sem anamnese, sem saber se o pc sofre de problemas de pressão arterial,problemas respiratórios e não procuram saber se houve algum sintoma negativo com o uso do medicamento e idicando o que fazer como achá-lo caso ocorra,ou seja,se o pc apresentou algum problema com o uso do medicamento muitos deles podendo levar ao suicídio "dane-se".Medicina deveria ser tratada de forma séria e os médicos deveriam ter mais amor aos pacientes sendo um desafio ajudá-los na cura ou na melhora , ao invéz de simplesmente enriquecerem os bolsos. Há médicos excelentes ,mas são minorias.

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  2. SAO LINDAS PAGINAS - Q UE ME FAZEM FELIZ

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